Kipra, durante o degelo (o segundo) do paraíso, hoje fragmentado nas ilhas do Pacífico, foi um servo fiel. Filho de escravos, foi comprado pelo alquimista da tribo por ser o dravidiano mais belo da feira.

Passou a estudar os livros lamaístas de seu senhor enquanto não era violentado, assim enchia o peito, que nunca amadureceu para sentir saudades, com ensinamentos estranhos. Um dia, na ilha de todos os tons, Kipra inventou a cor cinza. Ao passo que escravos não tinham direito à propriedade, seu mestre se assenhorou da criação.

Kipra, reconhecido como o primeiro melancólico, nunca deixou de ser um servo fiel.

2 comentários:

Cezar Berger Junior disse...

Muito bom, um dos micro-contos mais interessantes que já li seu! Diria que ultrapassa o limiar de um realismo-fantástico e um apelo sociológico.

Rafael "Rato" de Castro disse...

Interessante seu micro-conto, conseguiu manter o suspense e ter um fim surpreendente (o que costuma ser um efeito difícil em micro contos)