Tenho dois caminhos: ou fujo ou morro no campo de batalha. Para aqueles que apreciam a astúcia de uma fuga, eu digo: os invasores estão há apenas duas horas de distância. Àqueles honrosos que preferem arriscar seu destino na lâmina de uma espada, rebato: sou o último da minha raça, possuo apenas um daisho, tenho poucos mantimentos e enfrentarei pelo menos cinco mil inimigos. Apenas a sorte pode traçar meu caminho.

Por precaução iniciei um pequeno ritual para encantar minhas armas. Quando pequeno aprendi certos ritos herdados dos escravos alienígenas e com o tempo, através do estudo do ocultismo, aprendi a uni-los com os poderosos feitiços africanos. Em poucos segundos as espadas se destacavam por suas lâminas enegrecidas e recheadas de signos indecifráveis. Nela lia-se SUED, o nome do programa que destruiu o mundo.

Meu corpo também precisava de força e nada como a autoflagelação para livrar-me do medo. Cobri meu rosto com 21 piercings, respeitando o número de familiares que nessa guerra perdi. Resolvi raspar também meu cabelo; queria mostrar às divindades que naquele momento estava livre do plano material, só me interessava viver.

Em frente ao espelho reparei na figura que me encarava: havia calma em seu rosto e sua nudez era revestida pelas plumas da morte.

Para engrandecer meu espírito, desci as escadarias e me conduzi ao portão principal da cidadela. No relento observei as fileiras de máquinas que se aproximavam; meu coração foi intoxicado pelo medo e pelo ódio. Temerosamente minhas mãos alcançaram as espadas e naquele momento, desprovido de qualquer auxílio e sustentado pela confiança, corri na direção do inimigo. Minha visão ficou turva e somente lembro-me da raiva que de mim emanava.

***

Acordei dias depois do ocorrido com as dores das feridas herdadas no combate; o forte cheiro da decomposição me obrigou a sair daquele local. Optei por evadir daquelas terras levando o pouco que me restava. No horizonte da montanha de mortos vi no céu a figura Daquele que me ajudou; senti dentro de mim que era Izrael e que talvez pudesse matar o próprio programador.

2 comentários:

Anônimo disse...

Hehe, muito bom bixo!
Bom ver q oblog está de volta ^^

Boa Sorte vc está de parabéns >.<'

Roberto Colombo disse...

Quanto tempo!
E voltando em grande estilo, hein!
Beira a perfeição este texto!
Adorei o 'esqueminha' Deus cria Sued destrói! :D
Épico!
Grande abraço e tentem não sumir!
Abraço!